PARANÁ

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Independência perigosa

Desde que deu os primeiros passos rumo à política partidária, começando pelos movimentos sociais em Campina Grande, o atual vice-governador do Estado, Rômulo Gouveia, sempre esteve ao lado do clã Cunha Lima, recebendo orientações e até imposições desse grupo. Mas, como nem tudo é eterno, Rômulo está disposto a seguir a direção agora do prefeito de São Paulo, Gilberto Cassab (PSD), uma voz bem mais uníssona em nível nacional em relação, por exemplo, de Cássio, de quem recebeu conselhos para não afundar o “tucanato” paraibano com a sua saída.

Será que a doença do autoritarismo e da prepotência de Ricardo Coutinho infectou Rômulo Gouveia? Se isto tiver acontecido, nota dez para o velho ditado: “Diz com quem andas e eu direi quem tu és”.

Entendo essa decisão de Rômulo Gouveia como sendo um “grito de independência” do Grupo Cunha Lima. A menos que Cássio Cunha Lima esteja formando um grupo paralelo ao PSDB (partido que congrega os dois) para lhe dá sustentação futuramente com o que não acredito, pois, como a “fidelidade partidária” está caçando a todo custo algum infiel para abocanhar o mandato, certamente ele vai lutar para permanecer no ninho tucano e cumprir seu mandato de senador, caso seja realmente empossado.

Essa decisão de Rômulo Gouveia em deixar o PSDB tem um culpado: Cícero Lucena, presidente do partido na Paraíba e um homem forte, hoje, no Senado da República. Ele foi contra a composição PSDB-PSB, que elegeu seu inimigo político, Ricardo Coutinho governador. Por isso, votou em José Maranhão e, corajosamente, não vai abrir mão da oposição, mesmo contrariando alguns tucanos mais chegados a Cássio Cunha Lima, que apóia Coutinho.

Como vice-governador e membro respeitado do PSDB, Rômulo Gouveia não suportaria a “metralhadora” apontada para o Palácio da Redenção pelos aliados de Lucena, resolveu ingressar em outra sigla e evitar o próprio desgaste na luta contra as acusações ao Governo de Ricardo Coutinho, que deverá começar muito em breve.

Como eleitor-observador, vejo essa possível independência de Rômulo do Grupo Cunha Lima muito perigosa. Afinal, quem manda na política de Campina e da Paraíba ainda é Cássio Cunha Lima, seguido do “Veinho” e do grupo comandado pelos “Irmãos Coragem”.

E Ricardo Coutinho? Ali foi um acidente que a Paraíba já está orando e rezando para nunca mais acontecer.