PARANÁ

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Pastor Antônio Carlos vem percorrendo o país tentando conscientizar o povo a lutar contra a violência

Reportagem: Gomes Silva

“Para que o mal triunfe, é necessário apenas que os homens de bem permaneçam inativos.” - Edmund Burke

O pastor Antônio Carlos, da Igreja Presbiteriana do Brasil, Barra(RJ), está percorrendo o pais com o objetivo de conscientizar cada brasileiro a lutar contra a violência que se alastra a cada dia no Brasil. Ele esteve recentemente em Campina Grande onde se reuniu com lideranças das diversas denominações evangélicas no Templo central da Igreja Presbiteriana do Brasil.

A criação de um manifesto começou, segundo o pastor Antônio Carlos, a partir da realidade vivida no Rio de Janeiro, onde foram assassinadas 115.999 pessoas entre 1991 e 2007. “Por isso criamos o Manifesto Rio de Paz pela redução dos homicídios, que estamos levando agora a todo o país”.

De acordo com o pastor Antônio Carlos, a violência é o problema social mais grave do nosso país, lembrando que nos últimos dez anos 500.000 brasileiros foram vítimas de homicídio.

- Entre 1991 e novembro de 2007 foram assassinados 115.999 cidadãos somente no Estado do Rio de Janeiro, segundo dados oficiais. Cerca de 80% destas vítimas tiveram a vida interrompida na região metropolitana do Rio; a maioria esmagadora dos mortos era de moradores de comunidades pobres das Zonas Norte e Oeste da capital e Baixada Fluminense. Agravando muito este quadro, não se sabe quantos dos mais de 4.000 desaparecidos deste ano também terão sido assassinados. São números inaceitáveis. Representam o colapso do pacto social no seu item mais fundamental, o direito à vida – afirmou Antônio Carlos chamando o povo para clamar por esta nação, pois já permaneceu calado além do normal.

- Nós, cidadãos brasileiros, reconhecemos o erro de havermos permanecido calados. Temos visto milhares de pessoas serem mortas pelo crime e não temos oferecido a devida e necessária resistência -, ressaltou.

Para Antônio Carlos, que é também palestrante do Encontro Para a Consciência Cristã, realizado no período do carnaval em Campina Grande, na Paraíba, é preciso desenvolver ações criativas, pacíficas e contundentes, com o propósito de despertar o cidadão brasileiro para a defesa dos direitos humanos em nosso país. Para isso são necessários lutar pela defesa dos direitos humanos no Brasil, com foco especial na área de segurança pública; organizar eventos e redigir documentos a fim de instruir a sociedade civil quanto à violação dos direitos humanos no Brasil; realizar protestos pacíficos e criativos contra o desrespeito à vida; investir em educação de qualidade para crianças e jovens de baixa renda; mobilizar a população a fim de que, em união com o poder público, tenha-se uma nação onde a santidade da vida humana seja respeitada.

Ele disse que não basta culpar o Poder Público, os bandidos, ou aguardar que essa mortalidade obscena seja reduzida com o correr do tempo e as atividades dos mesmos. O país agora, mais do que nunca, carece da mobilização de todos, homens e mulheres que reconhecem o valor incalculável da vida humana.

- Precisamos nos unir às autoridades, cidadãos de todas as origens e histórias, a fim de contribuir para a maior conquista social de toda a sua história: a vitória da vida sobre a morte.

O pastor Antônio Carlos vem apresentando em todas as suas palestras proferidas em nosso país, as medidas principais que precisam ser objetivadas pelas autoridades representativos do povo e as comunidades organizadas, a exemplo da igreja evangélica.

1. Estabelecer como prioridade central das políticas de segurança a redução dos crimes letais, estabelecendo metas e compromissos que restaurem a autoridade da lei.

2. Determinar metas de redução de mortes durante operações policiais, de forma a preservar a vida de policiais, moradores e transeuntes.

3. Reforçar o policiamento ostensivo em áreas de maior incidência de homicídios, especialmente em comunidades carentes.

4. Redefinir e controlar a metodologia de intervenção policial em comunidades carentes; adotar policiamento de tipo comunitário, prevenindo conflitos locais, reprimindo o uso indiscriminado de armas de fogo, reduzindo balas perdidas.

5. Priorizar a juventude, integrando definitivamente as políticas de segurança pública às demais: educação, planejamento familiar, lazer, saúde e geração de trabalho e renda; promover ações de interação positiva entre as polícias e as comunidades, particularmente com crianças e jovens.

6. Priorizar a investigação dos crimes de morte e do uso de armas e munições ilegais, a fim de que a aplicação das sanções da lei seja imediata e possa ser útil para dissuadir a prática do crime.

7. Monitorar a utilização de armas e de munição por unidades de polícia, e por policial. Aperfeiçoar o controle de estoques nas unidades.

8. Qualificar permanente e adequadamente toda a força policial; utilizar também profissionais de fora das corporações, em universidades, para capacitar os instrutores policiais, de forma que sejam trocados métodos, idéias e informações amplas e atualizadas.

9. Elevar o piso salarial dos policiais civis e militares, tornando-o um valor compatível com a importância social desses profissionais e com os riscos que enfrentam.

10. Ampliar programas de apoio à segurança e a seguridade social dos policiais e de suas famílias.

11. Reforçar as Corregedorias e Ouvidorias policiais, garantindo-lhes recursos e independência em relação às chefias de polícia, ao corporativismo e a pressões políticas.

12. Atualizar os dados da violência apresentados pelo Instituto de Segurança Pública, para incluir os dados das chamadas delegacias tradicionais, que devem ser urgentemente informatizadas.

13. Tratar a dependência química de drogas como problema de saúde pública; realizar um amplo e permanente trabalho de conscientização e desestímulo ao uso de drogas.

14. Reivindicar que todas as esferas do governo cumpram o seu papel no combate à violência, disponibilizando recursos para a segurança pública e fiscalizando eficazmente as fronteiras para impedir a entrada de drogas, armas e mercadorias contrabandeadas.

15. Construir estabelecimentos prisionais diferenciados segundo a periculosidade dos presos e proporcionar condições dignas de custódia a todos eles.