Pr. Gomes Silva
Quando recebi o convite há poucos dias para assumir uma
igreja de grande conceito na Paraíba, instalada em Campina Grande, fiquei a
pensar nas palavras de Jesus: “A seara é
realmente grande, mas poucos sãos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da Seara
que mande ceifeiros para a sua seara” (Mateus 9:37-38 – Almeida, Revista e
Corrigida).
Hoje, com raríssimas exceções, os ministérios estão
enfrentando sérios problemas para formar lideranças, que liderem sob a égide de
Jesus Cristo. A teologia liberal do século XIX, originada da reflexão teológica
de Friedrich Schleiermacher (1768 – 1834), é um mau para o qual ainda não se descobriu
em fórmula capaz de derrotá-la, pois, a maioria dos que se dizem seguidores de
Cristo, envereda por caminhos tortuosos e manchados pela escuridão do pecado e
da iniqüidade (Mateus 7:23), acreditando ser isso normal nos novos tempos.
A respeito dessa teologia sinistra, lembro-me de uma
entrevista do pastor Luis Sayão concedida ao site da Aliança das Igrejas
Evangélicas Congregacionais do Brasil www.aliancacongregacional.org.br em
21/05/08, onde condena o liberalismo exacerbado praticado em grande parte das
igrejas brasileiras. Ele afirmou: “Existem
muitos pastores e professores de teologia que valorizam a hermenêutica sadia e
fundamentada nas Escrituras. No entanto, isso nem sempre é verdade. As diversas
mensagens disponíveis na mídia sugerem que se pratica muito uma hermenêutica ‘espiritualizante’
e alegórica, que não presta atenção ao significado do texto em seu sentido
original. Além disso, alguns púlpitos têm recebido a influência da teologia
liberal desconstrucionista pós-moderna, que não acredita que podemos ter acesso
ao conteúdo do texto original. A verdade é que neste ponto, a igreja brasileira
precisa melhorar e amadurecer”.
O problema é que, com o advento dessa teologia, um número
cada vez mais crescente dentro das igrejas vive um cristianismo sem compromisso
com o Reino de Deus. Seus membros preferem mais o conforto do lar e das
noitadas do que se preocupar com quem caminha para o inferno; preferem mais os
cultos de adoração ao homem do que a Deus; estão buscando mais o oba-oba do que
a espiritualidade; querem viver um cristianismo mais em função de revelação,
promessas e experiências nem sempre com aprovação de Deus do que viver em
santificação – separado do pecado e do mundo contrário aos princípios contidos
nas Escrituras Sagradas.
Desta forma, encontrar uma pessoa para ser ensinada,
preparada e provada para o santo ministério está difícil. Isto porque, o
ministério que se preza não vai consagrar uma pessoa se ela não tem convicção
da chamada de Deus por quem é vocacionada e capacitada. Muitos já tentaram, mas
esbarraram na execução das tarefas. Nem todos querem sair dos grandes centros
para trabalhar no interior, enfrentando suor, seca, cultura diferente e os
desafios de pregar o Evangelho para pessoas que, além de idólatras em sua
maioria, são incrédulas no que se propaga ou perseguidoras a quem prega a
mensagem da cruz.
Outro problema gravíssimo enfrentado por várias igrejas é o
medo de investir na formação de “obreiros”. Esse medo, em muitos casos, é
justificável, uma vez que membros vão a seminários em busca de conhecimento contando
com o apoio necessário da sua denominação e quando concluem seus estudos não
suportam a pressão de dois ou três salários mínimos para trocar de “quartel”.
No caso deste pequeno servo do Senhor, o convite foi feito
porque sempre existiu um bom relacionamento entre as duas partes bem como com os
membros da referida igreja, que torceram muito para que desse certo. Ficamos
tristes, pois sempre houve um desejo de trabalharmos juntos. Mas, por enquanto
permanecemos na CEPEA, comissionado por Deus para trabalhar na restauração de
almas desviadas e alcançar tantas outras, que precisam ouvir o evangelho para
tomar uma decisão exitosa antes da partida final.
Contudo, agradeço ao ministério, com sede na Grande João
Pessoa, pelo reconhecimento ao nosso trabalho, ora realizado em Alagoa Grande.
Confesso que não esperava agora. Fico feliz, pois a maneira como prego o
evangelho na igreja que estou pastor, é a mesma que tenho me comportado em
outras igrejas e em concentrações de ruas onde as pessoas marcam presença com
sede de ouvir o evangelho como realmente ele é.