PARANÁ

sábado, 10 de maio de 2014

UM CONVITE PARA REFLETIR UMA REALIDADE

Pr. Gomes Silva

Quando recebi o convite há poucos dias para assumir uma igreja de grande conceito na Paraíba, instalada em Campina Grande, fiquei a pensar nas palavras de Jesus: “A seara é realmente grande, mas poucos sãos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da Seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mateus 9:37-38 – Almeida, Revista e Corrigida).

Hoje, com raríssimas exceções, os ministérios estão enfrentando sérios problemas para formar lideranças, que liderem sob a égide de Jesus Cristo. A teologia liberal do século XIX, originada da reflexão teológica de Friedrich Schleiermacher (1768 – 1834), é um mau para o qual ainda não se descobriu em fórmula capaz de derrotá-la, pois, a maioria dos que se dizem seguidores de Cristo, envereda por caminhos tortuosos e manchados pela escuridão do pecado e da iniqüidade (Mateus 7:23), acreditando ser isso normal nos novos tempos.

A respeito dessa teologia sinistra, lembro-me de uma entrevista do pastor Luis Sayão concedida ao site da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil www.aliancacongregacional.org.br em 21/05/08, onde condena o liberalismo exacerbado praticado em grande parte das igrejas brasileiras. Ele afirmou: “Existem muitos pastores e professores de teologia que valorizam a hermenêutica sadia e fundamentada nas Escrituras. No entanto, isso nem sempre é verdade. As diversas mensagens disponíveis na mídia sugerem que se pratica muito uma hermenêutica ‘espiritualizante’ e alegórica, que não presta atenção ao significado do texto em seu sentido original. Além disso, alguns púlpitos têm recebido a influência da teologia liberal desconstrucionista pós-moderna, que não acredita que podemos ter acesso ao conteúdo do texto original. A verdade é que neste ponto, a igreja brasileira precisa melhorar e amadurecer”.

O problema é que, com o advento dessa teologia, um número cada vez mais crescente dentro das igrejas vive um cristianismo sem compromisso com o Reino de Deus. Seus membros preferem mais o conforto do lar e das noitadas do que se preocupar com quem caminha para o inferno; preferem mais os cultos de adoração ao homem do que a Deus; estão buscando mais o oba-oba do que a espiritualidade; querem viver um cristianismo mais em função de revelação, promessas e experiências nem sempre com aprovação de Deus do que viver em santificação – separado do pecado e do mundo contrário aos princípios contidos nas Escrituras Sagradas.

Desta forma, encontrar uma pessoa para ser ensinada, preparada e provada para o santo ministério está difícil. Isto porque, o ministério que se preza não vai consagrar uma pessoa se ela não tem convicção da chamada de Deus por quem é vocacionada e capacitada. Muitos já tentaram, mas esbarraram na execução das tarefas. Nem todos querem sair dos grandes centros para trabalhar no interior, enfrentando suor, seca, cultura diferente e os desafios de pregar o Evangelho para pessoas que, além de idólatras em sua maioria, são incrédulas no que se propaga ou perseguidoras a quem prega a mensagem da cruz.

Outro problema gravíssimo enfrentado por várias igrejas é o medo de investir na formação de “obreiros”. Esse medo, em muitos casos, é justificável, uma vez que membros vão a seminários em busca de conhecimento contando com o apoio necessário da sua denominação e quando concluem seus estudos não suportam a pressão de dois ou três salários mínimos para trocar de “quartel”.

No caso deste pequeno servo do Senhor, o convite foi feito porque sempre existiu um bom relacionamento entre as duas partes bem como com os membros da referida igreja, que torceram muito para que desse certo. Ficamos tristes, pois sempre houve um desejo de trabalharmos juntos. Mas, por enquanto permanecemos na CEPEA, comissionado por Deus para trabalhar na restauração de almas desviadas e alcançar tantas outras, que precisam ouvir o evangelho para tomar uma decisão exitosa antes da partida final.

Contudo, agradeço ao ministério, com sede na Grande João Pessoa, pelo reconhecimento ao nosso trabalho, ora realizado em Alagoa Grande. Confesso que não esperava agora. Fico feliz, pois a maneira como prego o evangelho na igreja que estou pastor, é a mesma que tenho me comportado em outras igrejas e em concentrações de ruas onde as pessoas marcam presença com sede de ouvir o evangelho como realmente ele é.