Pr. Gomes Silva
Presidente da CEPEA-PB
Não tenho nenhuma autoridade para
dizer se alguém tem ou não o chamado de Deus para exercer o ministério
pastoral. Porém, fico triste com os relatos que escuto diariamente de pessoas
que foram alçados a essa condição sem o mínimo de conhecimento da causa. Pior
ainda: Os que decidem consagra-los o fazem sem base bíblica e sem qualquer
temor ao Altíssimo.
Encontrei-me com uma jovem
senhora, que já foi membro de uma igreja durante o período que a pastorei em
Campina Grande. Para minha surpresa, ela me disse sem nenhum regozijo:
- Meu marido (...) agora é
pastor.
Em seguida me perguntou: “E pode
consagrar qualquer pessoa ao ministério pastoral?”. Não, esta foi a minha resposta.
Ela citou o nome do “ministério” e como foi formado. Segundo a irmã, um irmão
saiu da igreja (Assembléia de Deus) que ela faz parte atualmente e abriu outra,
com nome diferente e sem formação pastoral, e está consagrando quem aparecer e
der “um glória” a Deus ou falar em “línguas estranhas”. Inclusive, o marido
dela, que, segundo disse não tem a mínima condição de estar à frente de uma
igreja por conta deu seu baixo conhecimento bíblico e postura cristã. Tanto é
assim que ele “pastoreia” uma igreja e ela é membro de outra.
Não tenho nem como imaginar o que
se passa na cabeça de uma pessoa que se intitula liderança e sai por aí impondo
as mãos sobre outras e consagrando-as ao santo ministério pastoral. Meu Deus
será que tais “lideranças” sabem, pelo menos, o que é e quais as implicações
para quem consagra e para quem é consagrado pastor? Será que nunca leram as
cartas de Paulo a Timóteo e Tito nem a Primeira Carta de Pedro, capítulo 5?
Em 1 Timóteo 3, Paulo mostra a
seu filho na fé os deveres para quem almeja os cargos de bispos e diáconos. Já
no capitulo 4:6-16, ele aborda a fidelidade e a diligência no ministério; já no
capítulo 5, Paulo aconselha os presbíteros a governarem bem e aplicarem
perfeitamente a disciplina corretiva. Na Segunda Carta a Timóteo, a orientação
é para que se pregue a Palavra a tempo e fora de tempo com paciência e doutrina
(4:1-5). Mas no capítulo 2, conforme observação do escritor John MacArthur Jr.,
na introdução do livro “Redescobrindo o Ministério Pastoral”, Paulo cita
sete metáforas diferentes para descrever os rigores da liderança: Professor (v.
2) Soldado (v. 3), atleta (v. 5), lavrador (v. 6), trabalhador (v. 15), vaso
(vs. 20-21) e escravo (v. 24).
Na carta a Tito, Paulo o instrui
a organizar a igreja e reprimir falsos doutores (1:5-16). Exige que Tito seja
um exemplo em tudo (2:1-10), inclusive, que ele fale o que convém a sã doutrina
(2:1).
Quando terminei o Curso de
Especialização em Comunicação Educacional pela Universidade Estadual da Paraíba
abordei o ministério pastoral na monografia. E aprendi muito nas minhas
pesquisas através de leituras de livros e nas entrevistas de campo. Lendo “Redescobrindo
o Ministério Pastoral”, um dos mais completos nessa área, aprendi que cinco
características marcam a vida de um homem eficaz no ministério: Tenacidade,
integridade, autoridade, responsabilidade e humildade. Contudo, uma pessoa para
ser consagrada ao ofício pastoral tem que apresentar convicção de ter sido
chamado, vocacionado e ungido pelo Senhor e provado pela igreja, conforme
orientação do apóstolo Paulo na Primeira Carta a Timóteo 3:10: “Primeiro
devem ser provados e depois, se forem aprovados, que sirvam à igreja”.
Por isso, os ministérios atuais
não podem, todavia, desprezar as qualificações exigidas por Deus para seus presbíteros
e demais obreiro, conforme está escrito na revelação Divina: Ser chamado,
vocacionado e ungido por Deus e ainda testado pela igreja. Sair por aí
consagrando neófitos os quais não têm, sequer, o desejo de aprender, é um erro
grave. E mais do que isto: É brincar de ser líder.
Minha gente, o ministério pastoral é coisa séria!