PARANÁ

terça-feira, 20 de novembro de 2007

PROCURA-SE UM HONESTO

Eliakim Araújo

Todo mundo sabe que a corrupção não é um fato novo nesse nosso Brasil varonil. Ao contrário, dizem que ela vem desde (e com) a chegada dos colonizadores portugueses.

Há quem acredite que não tem mais jeito, pois a corrupção está irremediavelmente impregnada nos corações e mentes dos brasileiros, educados desde a mais tenra idade a serem mais espertos e procurarem levar vantagem em tudo.

Nessa febre de denúncias de corrupção que assola o país, ocorreu-me a idéia de se criar uma campanha que poderia se chamar "procura-se um honesto". Com certeza muita gente morreria de rir e diria: "é mais fácil encontrar uma agulha no palheiro".

A idéia não é nova. Vem de uma piada que os opositores do regime militar espalhavam. Diz a anedota que os chefes militares, preocupados com as denúncias de corrupção nos governos de seus colegas de farda, sobretudo durante o período Médici (30/10/69 a 15/03/74), nos ministérios encarregados de obras públicas, teriam criado uma comissão de alto nível para descobrir um honesto dentro das forças armadas. Um mês depois, desanimados, os membros da comissão voltaram com a resposta: "não encontramos nenhum honesto, mas encontramos um Ernesto". E foi assim que o general Ernesto Geisel teria chegado à presidência da república.
Se havia corrupção ou não nos governos militares, não se sabe. Impossível não é, mas nunca vai se saber ao certo como, quanto e quando ela aconteceu, pois na época a imprensa estava amordaçada e a maioria dos personagens acusados já está morta.

De toda forma, a piada vale para os dias que correm, diante dessa pletora de denúncias, desse prende e solta que virou rotina e deixa o cidadão tonto, sem saber o que existe de real e o que é pirotecnia. Embora seja impossível não reconhecer que nunca, em governo algum, a Polícia Federal e o Ministério Público atuaram com tanta firmeza no combate aos crimes contra o patrimônio público. E não têm livrado a cara de peixes graúdos, como empresários, políticos, juízes, advogados, lobistas, etc.

Mas o cidadão comum quer entender o que se passa verdadeiramente. Afinal, é o dinheiro dele que paga toda essa gente: o pessoal da PF, os funcionários do poder judiciário, os parlamentares, etc. O raciocínio é muito simples: se a PF oferece uma denúncia pública contra determinado grupo de políticos e empresários e a justiça manda soltar a todos, ou a polícia cometeu um grave erro de investigação ou a justiça está protegendo os acusados.

Turminha esperta que enquanto se fecha em torno de seu presidente aumenta o próprio salário em 28,5%, com cláusula de retroatividade a primeiro de abril. Ou seja, ainda pegam dois meses de atrasados. Que farra, hein?

E aí, leitor (a), você vai aderir à campanha “procura-se um honesto?” O perigo é encontrar-se outro Ernesto.

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