Dietrich Bonhoeffer
"aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servidor" (Marcos 10.43). Cristo ligou toda a autoridade na comunhão ao serviço fraternal. Autoridade espiritual autêntica só existe onde é cumprido o serviço de ouvir, servir, carregar e pregar. Todo culto a uma pessoa, abrangendo qualidades excepcionais, capacidades, poderes e talentos extraordinários − ainda que sejam de ordem espiritual − é mundano e não tem lugar na comunhão cristã, antes a envenena.
O tão freqüente anseio de nossos dia por "figuras episcopais", "pessoas sacerdotais" , "personalidades com autoridade" nasce, não raro, da necessidade espiritual mórbida de admirar seres humanos, de estabelecer autoridade humana visível, porque a autêntica autoridade do servir parece pequena demais. Nada se opõe a esse anseio com tanto rigor como o próprio Novo Testamento, mesmo ao descrever o bispo (1ª Timóteo 3.2ss). Nada encontramos aqui do encanto de talentos humanos, das brilhantes qualidades de uma personalidade espiritual. O bispo nada mais é do que o homem simples e fiel, sadio na fé e na vida, e que se desincumbe de forma correta de seu serviço.
Não há o que admirar no homem em si. O desejo por autoridade falsa, em última análise, nada mais quer do erigir novamente na Igreja o imediatismo, a dependência de homens. A autoridade autêntica, porém, sabe que o imediatismo é desastroso justamente em questões de autoridade, e que ele só pode persistir no serviço daquele que tem toda a autoridade. Autoridade autêntica sabe-se sujeita à palavra de Jesus, no sentido rigoroso: "Quanto a vós, não permitais que vos chamem de 'Rabi', pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos" (Mateus 23.8). Não é de personalidades brilhantes que uma comunidade precisa, mas de fiéis servidores de Jesus e dos irmãos. Também não lhe falta aqueles, mas estes. A comunidade confiará somente no singelo servo da Palavra de Jesus, porque sabe que assim está sendo conduzida não por sabedoria ou arbitrariedade humana, mas pela Palavra do Bom Pastor.
A questão da confiança espiritual, tão intimamente ligada à questão da autoridade, decide-se na fidelidade com que alguém cumpre o serviço de Jesus Cristo, e não nas qualidades extraordinárias de que dispõe. Autoridade poimênica só encontrará aquele servo de Jesus que não busca autoridade própria, mas que, sujeito à autoridade da Palavra, é um irmão entre irmãos.
Dietrich Bonhoeffer foi um grande teólogo protestante alemão, considerado um dos mais relevantes do século XX. Perseguido e aprisionado pelo nazismo, foi enviado a um campo de concentração, onde foi executado, já em fins da Segunda Guerra.
Enviado por Márcio Melânia
"aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servidor" (Marcos 10.43). Cristo ligou toda a autoridade na comunhão ao serviço fraternal. Autoridade espiritual autêntica só existe onde é cumprido o serviço de ouvir, servir, carregar e pregar. Todo culto a uma pessoa, abrangendo qualidades excepcionais, capacidades, poderes e talentos extraordinários − ainda que sejam de ordem espiritual − é mundano e não tem lugar na comunhão cristã, antes a envenena.
O tão freqüente anseio de nossos dia por "figuras episcopais", "pessoas sacerdotais" , "personalidades com autoridade" nasce, não raro, da necessidade espiritual mórbida de admirar seres humanos, de estabelecer autoridade humana visível, porque a autêntica autoridade do servir parece pequena demais. Nada se opõe a esse anseio com tanto rigor como o próprio Novo Testamento, mesmo ao descrever o bispo (1ª Timóteo 3.2ss). Nada encontramos aqui do encanto de talentos humanos, das brilhantes qualidades de uma personalidade espiritual. O bispo nada mais é do que o homem simples e fiel, sadio na fé e na vida, e que se desincumbe de forma correta de seu serviço.
Não há o que admirar no homem em si. O desejo por autoridade falsa, em última análise, nada mais quer do erigir novamente na Igreja o imediatismo, a dependência de homens. A autoridade autêntica, porém, sabe que o imediatismo é desastroso justamente em questões de autoridade, e que ele só pode persistir no serviço daquele que tem toda a autoridade. Autoridade autêntica sabe-se sujeita à palavra de Jesus, no sentido rigoroso: "Quanto a vós, não permitais que vos chamem de 'Rabi', pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos" (Mateus 23.8). Não é de personalidades brilhantes que uma comunidade precisa, mas de fiéis servidores de Jesus e dos irmãos. Também não lhe falta aqueles, mas estes. A comunidade confiará somente no singelo servo da Palavra de Jesus, porque sabe que assim está sendo conduzida não por sabedoria ou arbitrariedade humana, mas pela Palavra do Bom Pastor.
A questão da confiança espiritual, tão intimamente ligada à questão da autoridade, decide-se na fidelidade com que alguém cumpre o serviço de Jesus Cristo, e não nas qualidades extraordinárias de que dispõe. Autoridade poimênica só encontrará aquele servo de Jesus que não busca autoridade própria, mas que, sujeito à autoridade da Palavra, é um irmão entre irmãos.
Dietrich Bonhoeffer foi um grande teólogo protestante alemão, considerado um dos mais relevantes do século XX. Perseguido e aprisionado pelo nazismo, foi enviado a um campo de concentração, onde foi executado, já em fins da Segunda Guerra.
Enviado por Márcio Melânia