PARANÁ

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Viatura da PM era usada para transportar propina, diz delator


Um dos delatores da Operação Ressonância, deflagrada na quarta-feira (4), afirmou ao Ministério Público Federal que viaturas da Polícia Militar do Rio de Janeiro foram usadas para recolher o "pedágio" cobrado da empresa para participação em licitações do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia). O acordo de colaboração premiada do dono da Per Prima Comércio e Representação, Leandro Camargo, homologada pelo ministro Dias Toffoli, foi uma das bases da investigação. O Ministério Público Federal afirma que o empresário Miguel Iskin organizou um cartel com multinacionais e exigia o pagamento de 13% sobre os valores pagos para manter uma espécie de "caixa de propina" a agentes públicos. Camargo disse que, entre 2003 e 2008, pagou o "pedágio" por meio de cheques endossados para saque na agência bancária. Cada um costumava ter o valor de cerca de R$ 40 mil, afirma ele.
"Também tinha um grupo de policiais militares que iam ao banco em viatura da Polícia Militar efetuar estes saques e levavam o dinheiro à sede da Oscar Iskin, no Rio Comprido", afirmou ele à Procuradoria-Geral da República. Além da delação, a empresa de Camargo, Per Prima, também firmou acordo de leniência com o Cade (Conselho Administrativo de Atividade Econômica).
A empresa listou às autoridades 70 licitações em que o cartel atuou, citando ao menos 37 empresas envolvidas no esquema. Além da Per Prima, também firmou acordo de leniência a Maquet do Brasil. O seu principal executivo, Norman Gunther, também firmou acordo de delação. A Operação Ressonância investiga fraudes em licitações na Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro e no Into (Instituto Nacional de Traumatologia) desde 1996.
Segundo as investigações, Iskin usava influência no Ministério da Saúde para atuar desde a liberação da verba, em Brasília, até o controle de empenho e pagamento de fornecedores no Into. O esquema se expandiu para o governo do Rio de Janeiro quando Sérgio Côrtes foi nomeado secretário de Saúde na gestão Sérgio Cabral (MDB).
Iskin e Côrtes foram presos em abril do ano passado na Operação Fatura Exposta, origem das investigações da Ressonância. Eles foram soltos por liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribinal Federal). O empresário foi preso de novo nessa quarta. Um dos presos foi também o diretor-executivo da GE para a América Latina, Daurio Sperazini Junior. As suspeitas principais contra ele se referem ao período em que trabalhou na Philips do Brasil, até 2010. Com informações da Folhapress.

Da Redação
Com informação do Voz da Bahia


COMO É BONZINHO O COMPANHEIRO TOFFOLI...

Por Percival Puggina


Dias Toffoli, o paraquedista enxertado por Lula no STF, cassou a decisão do juiz Sérgio Moro que impusera a José Dirceu o uso de tornozeleira eletrônica. Ao expedir a ordem, com o pé no estribo do recesso, o ex-funcionário do PT afirmou, sem revelar o menor constrangimento, que a Segunda Turma (sempre ela!) concedera “liberdade plena” ao preso e que, portanto, tornozeleira era uma inibição da liberdade. Daquela, fulgente, de asas ao vento, que o trio maravilhoso fizera raiar para o pensionista da Papuda.

Liberdade plena! Claro, por que não? Só porque Dirceu é um criminoso reincidente em corrupção passiva, condenado em segunda instância por tribunal federal, num novo processo, a mais de 30 anos de prisão? Como encarcerar, só por isso, um guerreiro herói do povo brasileiro? Afinal, a matéria adquire urgência absoluta posto que a carimbada, rotulada e descarada maioria da Segunda Turma vislumbrou “plausibilidade nos recursos interpostos [pela defesa] quanto à dosimetria da pena”. Faz sentido. E, se refeitos os cálculos, os 30 anos forem corrigidos para 30 dias? Para 30 minutos? Já pensaram nisso? Toffoli pensou.

Cai sobre tão insólitas decisões o silêncio dos adoradores de corruptos, a mais nova seita nacional. Fervilham os engomados e bem trajados jurisconsultos nos corredores das carceragens. Imagine leitor, a inveja ao longo do corredor enquanto os demais presos acompanhavam os passos de Dirceu rumo aos portões do presídio. “Quando sair daqui vou para a política!”, devem ter jurado a si mesmos.

A Segunda Turma faz a festa dos grandes escritórios de advocacia criminal! Querem nos convencer de que estamos presenciando as maravilhas de um ordenamento jurídico perfeito. No firmamento da democracia, ele faz luzir a constelação dos inabaláveis direitos dos cidadãos. Dito isso for the record, bota o pé no chão, deixa de frescura e solta a bandidagem endinheirada. Libera os amigos. Protege os companheiros.

É preciso andar de quatro, com o nariz enfiado no chão, para imaginar que [no firmamento da tal “democracia” da Segunda Turma] os mesmos favores, o mesmo atendimento urgente em meio àqueles arquivos empoeirados, são conferidos a todo processo, a toda petição. E que a mesma orelha ministerial esteja sempre disposta a ouvir todas as arengas e a atender todos os telefonemas. Por quem nos tomam?

É instigante observar que os cavaleiros do apocalipse moral do país, veneráveis patronos da impunidade eterna, ostentam uma característica comum. São bifrontes. Têm uma face para promover a impunidade, para jurisdicionar e fazer felizes os grandes corruptos. E outra para – peito estufado de vaidade enferma – descrever tais atos como virtuoso exercício de sua missão constitucional.

Da redação
Com informação da Gazeta do Povo