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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Uma questão de caráter cristão

Pr. Gomes Silva

Madrugada fria, silenciosa; apenas o tic-tac do relógio na parede nos incomodava com alguns latidos de cachorros vindos de muito longe, quando a curiosidade me despertou a buscar entender o viver de muitos que estão a afirmar ser seguidores de Cristo Jesus.

A mente invadiu o campo da imaginação, mas fluindo na veracidade dos fatos, que envergonham o Evangelho da Cruz, marcado pelo sangue e pela dor restauradores de Cristo Jesus – o humilde sofredor por causa dos pecadores – Fl 2:5-11. Analisando esses detalhes, encontrei-me convicto de que poucos, hoje, vivem em função de Cristo, como o apóstolo Paulo falou aos Gálatas – 2:20, muito menos buscam viver o caráter íntegro, dado por Deus - Gn 1:26.

O caráter íntegro, que deve ser uma marca do cristão, tende a desvalorizar-se por falta de aprimoramento (2 Pe. 1:5-8), e a corromper-se por causa do pecado (Gn 3:6-7), tornando a natureza moral do homem, criado à semelhança de Deus: santo, justo e perfeito (Gn 1:26-27; Ec 7:29: Ef 4:24), cada vez mais corrompida pelos males que afetam a humanidade sem Deus (Rm 1:18-32) e até os que já professam Cristo como seu Salvador (At. 4:12).

Antes de nos determos em fatos reais que afetam os cristãos, faz-se necessário definirmos o que é o caráter. Antes de ter um caráter formado, o homem passou pelos estágios do temperamento (estado de humor e às reações emocionais de uma pessoa, ou seja, o seu modo de ser) e da personalidade (que envolve emoção, vontade e inteligência de uma pessoa, ou seja, aquilo que uma pessoa é).. Esses dois fatores (temperamento e personalidade) influenciam o caráter, que é o conjunto das qualidades boas ou más de uma pessoa. Além disso, essas qualidades determinam a conduta humana em relação a Deus, a si mesmo e aos outros.

A Bíblia é farta de ensinamentos referentes à virtude, à moral e ao caráter cristão, mas parte dos seguidores de Cristo não quer viver conforme a Palavra de Deus. Eles preferem a insensibilidade moral, a permissividade, a mentira, a malícia, a concupiscência, a cobiça e a ambição em vez de uma vida de comunhão com o Espírito Santo, conhecedora da Palavra do Evangelho e disciplinada através do jejum e da oração.

Se você não prestou atenção no parágrafo anterior, pode dizer: estas são características de não-crentes. Sim, mas eu me refiro aos cristãos que estão dentro de igrejas por aí afora. Ou seja, entre muitos que estão nas igrejas e o povo sem Deus, não há diferença, quando a mensagem essencial do evangelho diz que, ao decidir-se por seguir a Cristo, o homem tem que mudar a mentalidade e suas atitudes...

Veja os dados surpreendentes de uma estatística do Instituto Gallup, contidos no livro “Disciplinas do Homem Cristão”, do escritor Kent Hughes (2004), que mostra como está o caráter de alguns “seguidores” de Cristo: 43 por cento de não-frequentadores de igrejas admitem que furtam material de escritório, contra 37 por cento dos freqüentadores das comunidades evangélicas. Como se vê, a conduta ética geral dos cristãos varia muito pouco em comparação aos não-cristãos. Infelizmente, os cristãos são quase idênticos aos não-cristãos: eles falsificam sua declaração de imposto de renda; cometem plágio/colam; copiam programas de computador ilegalmente; roubam tempo; dizem aos outros o que gostariam de ouvir.

E muitos ficam a perguntar: por que, agora, com tantos pregadores excelentes, estudiosos e teólogos, bons compositores e interpretes da música gospel e poucos são os que aceitam Cristo como Seu Salvador? A resposta é simplesmente com outra pergunta: Como o homem aceitará Cristo como salvador se não há testemunho, mudança de vida n’alguns que já estão dentro de uma igreja?

Isto tudo é uma questão de caráter e vida no altar. O que, infelizmente, muitos não têm.

Fonte: Bíblia de Estudos Almeida e Revista da EBD – CPAD/2007