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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Consciência Ministerial: Um exercício diário do líder

Pr. Gomes Silva

Antes de falarmos sobre o tema acima citado, nada mais conveniente do que mostrar a definição de “consciência” na concepção filosófica e teológica.

Filosoficamente, “consciência”, em síntese, é a faculdade que o homem tem de julgar o valor moral dos seus atos (Dicionário de Filosofia).

Quanto à teologia, “consciência” é uma palavra derivada do latim conscientia, que é um composto da preposição con e scio, que significa “saber junto”, “conhecimento conjunto com outros”, “o conhecimento que compartilhamos com outra pessoa”. E ainda: a consciência é a faculdade mediante a qual a pessoa distingue ente o moralmente certo e errado, e que a impulsiona a praticar aquilo que reconhece ser certo, refreando-a de fazer aquilo que é errado, e que pronuncia julgamento sobre seus atos, executando-o dentro da sua alma (cf. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã).

Consciência é o que todo líder precisa ter na sua caminhada diária como ministro do evangelho, eleito pelo Senhor dos senhores: Jesus Cristo para cuidar de Seu rebanho, enquanto a Igreja Santa e Imaculada não for tirada da terra.

O líder precisa inicialmente ter consciência de sua chamada, consciência do seu papel; consciência do trabalho a ser feito para manter o rebanho no rumo certo. Mas, para isto, ter consciência dos desafios que terá para lidar com ovelhas e os bodes cabeçudos.

Antes de continuar tenho que ser honesto, afirmando que não existe nenhum pastor (líder) perfeito. Mas precisamos ter consciência da responsabilidade que temos na condução do rebanho do Perfeito: Jesus Cristo.

Fico a lamentar quando vejo alguns amados vestindo roupa de pastor, que não foi feita para ele. E cujas atitudes me dizem que tal pessoa anda na contramão dos mandamentos de Cristo – João 21:15-17.

Jesus Cristo, que foi o maior líder e o maior formador de líderes da história, perdoou Pedro de suas três negativas e ainda o incumbiu a pastorear suas ovelhas. E depois, o próprio Pedro, semelhantemente, convocou os líderes cristãos a exercer o ministério não contra a vontade ou por ganância, nem como um meio de dominador outras pessoas, mas sim, liderar pelo exemplo e ser recompensados pelo sumo Pastor (1 Pedro 5:1-4).

Em Mateus 20:25-28, Jesus Cristo revolucionou o conceito de liderança, quando mostrou aos discípulos que o líder cristão é um servo (Mateus 23:11). Não sabemos se entre os seguidores de Cristo, que ali estavam, existia algum que almejava status, riqueza, poder..., contudo sei que, se lá estivessem alguns dos nossos contemporâneos, certamente teriam ficado surpresos e decepcionados com tais declarações de Jesus, já que muitos pastores desconhecem o texto de Filipenses 2:5-11.

O homem, antes de pensar em ser um pastor, precisa ter consciência do seu chamado. Porque, certo disso, (e isso é obvio!) ele buscará conhecimento bíblico-teológico para exercer bem o seu ministério. Todavia, deverá buscar, ainda, nos pastores mais experientes, conselhos que lhes ajudarão a lidar melhor com o rebanho do Senhor.

Infelizmente – digo isto com muita tristeza -, existem muitos líderes espirituais que se consideram sábios o suficiente para não buscar essas ajudas e, na maioria das vezes, tomam decisões erradas, esdrúxulas, arrogantes e com instinto de perversidade, maldade etc. E ai daqueles que tentarem ajuda-los. Mas a Palavra de Deus nos alerta (Jeremias 23:1-4). Como sabemos, pastorear, qualquer pessoa pode fazer. Até mesmo um cachorro pode aprender a guardar um rebanho de ovelhas. A diferença estar em como lidar em cada situação, empecilho e desafios que surgem na caminhada, o que muitos ignoram.

A esses, faço as minhas palavras as de John MacArthur, Jr. Segundo ele, “pastorear um rebanho espiritual não é tão simples. É preciso ser mais que um caipira errante para ser pastor espiritual. Os padrões são altos, as exigências, difíceis de satisfazer (1 Tm 3:1-7). Nem todos conseguem unir as qualidades, e, mesmo dentre os que as juntam, poucos parecem se destacar na tarefa. O pastoreio espiritual exige um homem íntegro, piedoso, dotado de muitas habilidades. Ainda assim, ele deve manter a atitude e a postura de um menino pastor” (em Redescobrindo o Ministério Pastoral).

E por que tudo isto acima citado?

O que me levou a escrever este artigo “Consciência Ministerial: um exercício diário do líder” são os maus exemplos, vistos hoje em dia sendo praticados por muitos que estão na responsabilidade de conduzir bem o rebanho de Cristo.

Exemplos: Quando uma ovelha deixa de ir à igreja, cabe ao pastor procura-la para saber o que está acontecendo, mas têm líderes dizendo que a ovelha é que deve procura-los para dar explicação; quando uma ovelha está amuada e quase não fala com ninguém, alguém precisa fazer alguma coisa e esse alguém é o pastor. Se uma ovelha adoece, o pastor tem que visitá-la. Já vi caso de uma pessoa procurar o pastor para pedir uma orientação a respeito de tal fato e receber como resposta: tenho outras coisas mais importantes a fazer. Ta brincando!? Outros têm deixado a igreja sem doutrina, sem instrução, sem nada. E quando as ovelhas procuram uma boa alimentação em outros pastos verdejantes são perseguidas e colocadas de lado e esquecidas como se não fossem nada. Eles precisam ter consciência de que estão agindo de forma errada.

Nós pastores precisamos ter consciência de vários detalhes: o líder (pastor) deve cuidar do rebanho com amor, alimentar, conduzir, auxiliar, guiar, guardar, proteger e buscar as ovelhas perdidas. Temos que ser humildes para reconhecer nossos erros, saber que o bode precisa de rigor, mas reconhecendo que o rebanho não é só composto por bodes. Existem as ovelhas que precisam de cuidados especiais ou de um puxão de orelhas, simbolicamente falando, para voltar ao rumo certo e às práticas dos ensinamentos recebidos baseados na Bíblia.

Precisamos ainda ter consciência de que, na condição de pastor, não somos donos das ovelhas. Devemos cuidar delas sabendo que vamos prestar contas ao Senhor (1 Pedro 5:2-4; Hebreus 13:7 e 17).

(Abro esse parêntese para dizer que já fiz muita besteira como ovelha e como pastor; cometi muitos erros, mas nunca tentei tapar o sol com peneira; e sempre busquei ajuda de outros pastores – e até de ovelhas. E Por que não? -, com os quais aprendi muito. E isso não é demérito pra ninguém, e sim uma forma de melhorar o trabalho na Obra do Senhor, que deve ser feita com excelência mesmo com nossas deficiências).

Deixo alguns conselhos aos que acham que pode pastorear o rebanho do Senhor de qualquer jeito.

Sirvam as ovelhas da mesma forma como gostaria que Deus lhes servisse; amem-nas da mesma maneira como gostariam de ser amados por elas. Contudo, não esqueçam de serem íntegros e exemplos para as ovelhas na Palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (1 Timóteo 4:12 e 16) e sempre respeitando o direito dos outros.

Pare! Reflita o seu ministério. Veja-o com os olhos espirituais, e Deus vai te honrar a partir do momento que você reconhecer seus erros e acertos e pedir perdão pela negligência – se for o caso (Jeremias 48:10) e clamar por orientação e firmeza na condução das ovelhas.

Seja humilde, consciente e confiante!