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terça-feira, 20 de novembro de 2007

AVIVAMENTO COMEÇA PELA MUDANÇA DE MENTALIDADE

Pr. Gomes Silva*

Fala-se muito no crescimento da igreja evangélica brasileira nos últimos anos. Até dizem que o País está passando por um grande avivamento. Mas até que ponto esse crescimento é sadio e condizente com as exigências da Palavra de Deus, e esse avivamento é realmente bíblico? (vale a pena meditar em Hebreus 12:14-17). As dúvidas não pairam quando se ver enormes ajuntamentos de pessoas dentro de igrejas ou locais públicos, até, porém sem nenhuma demonstração de um novo nascimento (João 3:3-7).

Antes de outras considerações, deixo claro que a Bíblia me dá o direito de julgar, sim! O que ela não me dá é o direito de julgar pelo pressentimento, pela aparência e pelo repúdio a alguém. Disse Jesus: “Pelos seus frutos os conhecereis” – Mateus 7:20. E para não deixar dúvida, Cristo fala ainda em Mateus 12:33: “porque pelo fruto se conhece a árvore”.

E o que temos visto por aí? Igrejas superlotadas, muita animação (boa “dose” de carne em contraponto à espiritualidade) e uma alegria que não reflete o trabalhar do Espírito Santo. Mas tudo isto em nome do avivamento.

Na minha modesta observação, avivamento nada mais é do que, resumidamente, espiritualidade cultivada na vida pessoal, como convicção de pecado, confissão de pecados, entrega e consagração, tudo isto marcado pela leitura da palavra, oração, vida humilde e santificação (Atos 3:19; 2 Crônicas 7:14-15; Josué 1:7-8; Jeremias 29:13-14a; 1 Tessalonicenses 5:23; Hebreus 12:14; 1 Pedro 1:16).
Só que, lamentavelmente, o que se vê, hoje, são pessoas que, mesmo há tempo na igreja, vivem uma vida como se nunca tivessem tido um novo nascimento. Suas atitudes denunciam a superficialidade de sua vida cristã e a falta de conscientização quanto ao seu futuro, caso continuem com tais procedimentos.
Vimos ainda pessoas que vivem doentes dentro da igreja, quando, na realidade, deveriam estar curadas pelo Poder transformador da palavra e pela regeneração pelo Espírito Santo (Tito 3:5). Mas quais são essas doenças que “invadiram” as igrejas? Ódio, perversidade, calúnia, caráter deformado, inveja, mentira... Temos visto pessoas (lembre-se: não são todas!) que não vão ao culto ou ao estudo porque é fulano ou cicrano que vai estar lá pregando ou ensinando.

Outros dizem: Não vou com a cara do líder tal; não consigo olhar para aquela pessoa; ah, aquele irmão passa muito tempo na mensagem (às vezes 30, 20 minutos quando se foram quase duas horas com louvor), conversa demais (para quem não presta atenção à mensagem), fala auto demais, fala baixo demais. São enfermidades curáveis, mas os doentes não seguem a “orientação” médica. Não se sabe, no entanto, qual é a desses que querem uma igreja que se adapte ao seu estilo de vida e não o contrário (O cristão é para influenciar o mundo, ganhando-o para Deus, e não sendo influenciado por ele), sem falar nos “intocáveis”. Diga-me uma coisa: essas pessoas nasceram de novo?

Aliás, os doentes sempre saem com essa “pérola”: não julgue para não ser julgado. Eles têm todo o direito de fazerem o que bem quiserem e ninguém pode dizer nada? Nada disso. Pra que exortação e disciplina na igreja? Para consertar os tortos e curar os doentes. Mas eles não querem. Não aceitam correção.

Sei não. Mas daqui a pouco, boa parte das igrejas será obrigada a montar consultórios de psicologia e contratar bons profissionais e incumbi-los de transformar os maus caracteres que estão murmurando - sentados nos bancos -, ou criando problemas nos mais diversos setores da comunidade da qual fazem parte. Tem algumas coisas que a psicologia ajuda mudar, mas nada que se compare à Palavra do Altíssimo: “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” – Hebreus 4:12.

Posso estar errado, mas a julgar pelos frutos, muitas árvores estão prontas para serem cortadas e lançadas ao fogo, apesar dos apelos para que se espere um novo “inverno”.

Mas uma coisa é certa - a igreja precisa conservar seu dinamismo, buscar e pregar a fonte que gera o avivamento e cura aos pacientes: a Palavra de Deus (1 Timóteo 4:16). Com isso, vai estar apta a levar a mensagem do evangelho àqueles que estão longe dos caminhos de Deus.

Campina Grande, setembro de 2006.

GOMES SILVA - É jornalista e pastor da Igreja Batista Independente Getsêmani, em Campina Grande-PB.